terça-feira, 1 de outubro de 2024

dissabores *





todos temos. quem não. e quem não, por certo os há de ter, e muitos. falo de cátedra. porém, por mais fútil que possa parecer, entre os muitos que tive, e olhe que não foram poucos, poucos se comparam ao de sentir que o gostinho do toddy mudou. ali compreendi que não haveria mais criança em mim e sabe-se lá que adulto sensaboria viria ser.

dizem às más línguas que as pesquisas determinaram um novo sabor. mas como? se ninguém me perguntou nada. talvez porque se sim, ouviriam um sonoro não. pra que mudar um gosto de vida assim, num lamber de beiços, só porque algum engravatado(à época) teve a infeliz ideia de propor a mudança, por motivos de que somente alguém que teve uma mãe que por certo não lhe deu toddy haveria de achar? que saberia este sujeito de toddy? e do que aquilo significava para nós? nada. não sabia nada. e foi um nada que nos deixou com o gosto de nada na boca que jamais voltaria ser do toddy que tanto amávamos.

ah! você acha então que eu estou exagerando? que não passo de um adulto sentimental que fica chorando pelo toddy derramado? então vai conversar com a turma que tomava ovomaltine e de súbito se viu sem o sabor suíço que era "puro malte". mas não diga que é um cara ou uma cara da pesquisa. o risco de ficar sem sentir sabor é imenso. brutal? bom, foi o que fizeram com a gente. sem dó nem piedade. deram um nó na nossa garganta, a tal ponto, que falou em achocolatado, eu engulo em seco. e nada mais que que se compare ou pareça com toddy desce. 

o certo é que, alguns dissabores a gente esquece. outros, morremos com eles atravessados na garganta.

p.s. felizes foram os putos(as crianças) de portugal. lá o sabor do toddy que valia a pena resistiu até os anos 90. quando lá fui, e lá morei, antes do vinho, e de qualquer outra coisa, bebi todo o toddy que podia até não poder mais. uma overdose de toddy que durou anos e anos. até mesmo quando voltei ao brasil carregado de toddy nem um pouco preocupado em ser pego pela fiscalização. o problema é que fui. e na minha cara vi um sujeito da tal fiscalização pegando a lata com olhos marejados e dizendo, anda passa, vai em frente, como se não houvessem dezenas dela nas minhas malas. passei. e fui-me embora. não sem antes, separar algumas latas, e com um bilhete deixá-las para serem entregues ao tal funcionário. creio que assim não haveria risco de alguém dizer que subornei a fiscalização. afinal, passara e nada foi combinado. no bilhete estava escrito: - nestas não há coleção de índios. tinha certeza absoluta que ele saberia do que estava tratando. e assim, mais um sabor juntar-se ia ao meu dissabor que por alguns anos foi dissipado em goles e goles intermináveis do "sabor que alimenta" meus bons gostos até hoje, apesar do enorme dissabor do acontecido. tal como os índios, eu e o tal cara da fiscalização, fomos derrotados pela ferocidade da sede de lucros do homem branco cujo sabor que sacia por certo não é do toddy de antigamente.


* originalmente publicado no misterwalk.blogspot.com

marca não é estrume ou não se trata marca como se marca gado

Existe um procedimento que é bastante recorrente no ambiente do Marketing: tão logo aparece alguma abordagem ou conceito realmente inovador, há uma tendência apressada e afoita de transformar esse novo em coisa conhecida e catalogada. A partir daí, inicia-se imediatamente a busca ansiosa pela próxima “invenção”.

Isso está acontecendo exatamente agora com o conceito de marca corporativa. Não que ele seja absolutamente novo. Mas vive-se hoje, na expressão de Majken Schultz, uma “second wave” da abordagem da marca corporativa, que não pode e nem deve ser confundida com as definições já em circulação.

Em síntese, marca corporativa não pode ser tomada por ou confundida com marca de produto. São duas coisas bastante diferentes, embora possam ter nuances parecidas. Para ficar mais claro, é bom ilustrar essas diferenças à moda daqueles jogos dos 7 erros, frisando as confusões mais comuns entre os dois conceitos.

1. A marca corporativa não é marca de um target só. Ela deve dialogar com vários públicos – clientes, colaboradores, fornecedores, comunidade, acionistas, imprensa etc. Diferentemente da marca de produto que, em geral, dirige suas mensagens preferencialmente ao cliente/consumidor. Quer dizer, uma coisa é “vender” Omo para donas-de-casa, outra coisa radicalmente diferente é apresentar a Unilever para os diversos stakeholders dessa organização.

2. A marca corporativa não tem um núcleo duro. Um posicionamento auto-proclamado, que resume seus atributos e associações, como tem sido mais característico nas marcas de produtos. A marca corporativa tem sim um coração que pulsa, uma promessa central viva, que é algo mais flexível e abrangente, de modo a contemplar os múltiplos interesses dos públicos mencionados acima.

3. A marca corporativa não pode ficar isolada no “feudo” de Marketing. Até aqui o Marketing era a única instância responsável por todo o branding nas empresas. As marcas corporativas pedem uma abordagem multidisciplinar. O que tem acontecido em empresas conscientes desses novos tempos, como a Iveco, é que a comunicação de marca tem assumido um papel mais estratégico, ao lado da direção geral da organização, e, a partir daí, disseminado as preocupações com a marca principal para dentro e fora da empresa.

4. A marca corporativa requer envolvimento de todos. A marca de produto, até por ficar quase sempre isolada no “feudo” do Marketing, sempre exigiu menos envolvimento da organização. Quem tem que se envolver, de “comprar” essa marca e de se deixar seduzir por ela é o cliente/consumidor. E antes equipe de vendas, claro. A marca corporativa, não. Ela não existe sem o envolvimento direto de todos na organização, do CEO ao conjunto dos colaboradores. Como muito bem diz o Jaime Troiano, “marca não é tapume” e o sucesso da marca corporativa começa sempre com uma boa lição de casa de identificação e envolvimento de todos com essa marca.

5. O desafio da marca corporativa é alinhamento. Quando se pensa em marca de produto, o que vem logo a cabeça é a diferenciação, o que interessa é caracterizar a “uniqueness” do produto ou serviço. Com a marca corporativa, a palavra de ordem é “brand alignment”. Ou seja, o desafio agora é alinhar, criar convergência, estabelecer sintonia entre as várias manifestações e interações da marca com seus diferentes públicos. A marca corporativa precisa sustentar a mesma promessa, a mesma história corporativa, os mesmos pilares, diante de todos. Ilustrando: Natura, Fedex, Localiza, Google ou qualquer outra marca corporativa não podem ter enredos diferentes para públicos diferentes.

6. Não se pensa marca corporativa no curto prazo. Tome-se como exemplo uma organização como a Ambev ou Inbev. Por mais que essa empresa tenha programas rígidos de resultados para cada um de seus produtos ou áreas de negócios, a construção da marca corporativa do grupo exige um plano de médio e longo prazo. Não é por outro motivo que a Ambev/Inbev tem se preocupado em afirmar, por meios de campanhas mais gerais, os seus compromissos mais duradouros e consistentes. O risco de tentar construir uma marca corporativa com base somente em ações e resultados imediatos é o de se criar um algo sem lastro, que irá sucumbir à primeira crise, pois não “feito para durar”.

7. Marca corporativa, além do lucro, tem a ver com geração de valor. O mundo está mudando, a economia reconhece mais os ativos intangíveis, a sociedade se preocupa mais com outros valores, as pessoas já não se satisfazem mais apenas com os “benefícios racionais ou emocionais” dos produtos e serviços. As marcas corporativas, ao colocarem a organização no centro da cena, abrem espaço para a geração de novos valores. Valores que têm a ver com o entorno social, o bem-estar de quem trabalha, o meio-ambiente, a produção cultural e muito mais. Ou seja, resultado agora vai além do lucro, é algo maior, a ser compartilhado com muitos. Por isso, pode-se dizer que a marca corporativa, como matriz de referência e instrumento de gestão, tem muito a ver com a sustentabilidade das próprias organizações e de todo o ambiente de negócios.

Aí estão os 7 erros ou confusões básicas entre marca corporativa e marca de produto que devem ser evitados. Outros erros podem ser encontrados, uma vez que, por vício de muitos que atuam na área do Marketing e da comunicação, persiste uma tentação grande de pegar a marca corporativa e ir logo colocando numa embalagem bonita e renovada de marca de produto.

Não, as diferenças entre esses dois conceitos são bastante reais e significativas. Não é só a atenção que se desloca do produto para a organização, não é o mesmo aparato de abordagem que é transportado de um lado para outro. São vários ângulos, abrangências, papéis que se alteram, exigindo um novo modo de ver, pensar e trabalhar com as marcas.

(marca corporativa e marca de produto. ou o jogo dos sete erros mais comuns, do levi carneiro, diretor associado da troiano consultoria de marca, para o mundo do marketing)

Now playing: cássia eller - admirável gado novo via FoxyTunes

domingo, 27 de julho de 2008

pintor de paredes

os bons bebem muito, adiantam-me, referindo-se aos pintores de parede alocados a tarefa de produzir uma parte da comunicação da marca. calor de 44 graus e lá estou eu desce vale sobe serra a verificar os pontos de pintura, mídia de resultados por esta região.

em cada parede a marca do artista que desfigura a marca. o que dá para rir dá pra chorar. branding manager. o nome é chic. mas a nossa realidade é de pau, pedra e cal.
bem vindo ao blogsite mister gestor de marca. os nossos revendedores reclamam que pedem, pedem, e ninguém lá se lhes aparece para pintar a parede. há descasques, cores lavadas, outras queimadas de sol, e outras que nem se sabe mais o que é que mesmo lá estava pintado, tamanho os chamboques.

na cidade discute-se o spot, o filme, a internet. na praça de guerra local, quatro pontos de venda, voltados para um local centro de todos os espetáculos da cidade - como se não bastassem corredor de transito local e intermunicipal, estão abandonados a própria sorte.

a marca é quase líder no pedaço. mas abusando da sorte até quando ?

pintores bebem mas não caem da escada, garantem-me, o que não confio, desdigo-lhes. marcas? muitas delas estateladas de contra a parede assinam seu epitáfio. simplesmente porque alguém lavou as maõs e não meteu-lhes a tinta que deveriam.

nos mbas isso passa batido ou devo dizer lavado ?